Um potente conto sobre os campos de concentração norte-coreanos que combina a crueldade da luta pela sobrevivência com a inocência das crianças. Uma história emocionante.
O cineasta Zaza Urushadze, morto em 2019, era um exímio contador de histórias de guerra. Mas, veja bem, não histórias sobre a guerra, mas histórias ambientadas na guerra. É o caso do poderoso e premiado ‘Tangerinas’, o grande filme de sua carreira. E também de Anton, seu último e inédito longa-metragem. Ambientado na Ucrânia de 1919, o longa acompanha a vida e o cotidiano de dois meninos em meio ao caos que vive a região. Afinal, dois anos antes foi iniciada a Revolução Russa -- momento histórico pouco abordado nos cinemas -- e um processo de transformação. Sob a ótica dos dois garotinhos, Zaza Urushadze vai tecendo uma trama cheia de mortes, reviravoltas, intolerância e outros efeitos desse conflito que se forma na região. É, novamente, uma narrativa poderosa sob as mãos do cineasta, ainda que desta vez exija conhecimento prévio sobre o período história. No entanto, no final, o espectador é agraciado com um filme que traz novos ângulos e propicia novos olhares sobre essa relação em contraste com os horrores da guerra que se forma por ali.
A crise dos refugiados que eclodiu nos anos 2010 não é novidade para ninguém. Milhares de pessoas, principalmente indo do Oriente Médio para a Europa, morrem na travessia ou até mesmo em campos criados arbitrariamente por países como destino para essas pessoas sem uma terra para chamar de sua. Sem casa. Mas a crise dos refugiados é algo anterior, com feridas que não cicatrizaram na memória. ‘Flee’ mostra um pouco mais disso. Dirigido com habilidade por Jonas Poher Rasmussen, o filme indicado em três categorias do Oscar 2022 conta a história de um homem afegão que tem um passado que prefere esquecer. Afinal, entre sua infância e adolescência, teve que conviver com governos violentos, o sumiço do pai, terrorismo e, enfim, uma fuga desesperado para salvar a própria pele. Sem poder mostrar a identidade desse homem, e sem nenhum tipo de material de sustentação além do depoimento deste protagonista-entrevistado, Rasmussen aposta na animação. A partir de traços sóbrios, o cineasta reinventa e conta a história desse homem a partir de suas memórias e das percepções imagéticas da criação do longa, sempre protegendo os retratados. Há força na trama, mostrando como há histórias potentes a serem contadas para além da visão ocidental da nossa jornada.
Não há dúvidas de que narrativas sobre a Segunda Guerra Mundial estão saturadas nos cinemas, com cada vez mais tramas banais e repetitivas. Felizmente, porém, de vez em quando surge um filme como ‘O Pássaro Pintado’. Dirigido pelo checo Václav Marhoul (‘Tobruk’), o longa-metragem emociona ao contar a história de um rapaz judeu em algum lugar da Europa Oriental buscando refúgio durante a Segunda Guerra Mundial. Com uma fotografia em preto e branco e atuações emocionantes, a produção consegue fazer um recorte preciso e potente sobre os perigos e os anseios de uma época nebulosa da História.
Mais uma genial obra de Steven Spielberg, com grande roteiro, trilha-sonora primorosa de John Williams e grandes atuações de John Malkovich e de um jovem Christian Bale. "Filme de cabeceira" para qualquer amante de cinema.