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‘Shazam! Fúria dos Deuses’ mostra que há vida no passado da DC nos cinemas

Ao analisar o universo da DC nos cinemas, inicialmente pensado por Zack Snyder, pode-se dizer que ‘Shazam!’ era um dos menos importantes desse mundo. Não só o personagem vivido por Zachary Levi acaba limitado por ser, essencialmente, uma criança com poderes, como também as mentes criativas por trás dos filmes da DC não colocaram o personagem exatamente no círculo compartilhado do estúdio – a não ser pela cena final com Superman. Agora, tudo parece mudar para o personagem com o novo ‘Shazam! Fúria dos Deuses’.

Estreia desta quinta-feira, 16, nos cinemas, o longa-metragem é a continuação do filme de 2019. Billy Batson (Asher Angel) agora é um adolescente, já chegando na maioridade, que consegue se transformar em um super-herói (Levi) quando invoca uma espécie de poder místico. Agora, porém, não está sozinho: ao seu lado, seus irmãos de criação também compartilham do poder e passam a defender a cidade de Filadélfia, nos Estados Unidos, de vilões. É o caso de três divindades gregas (Helen Mirren, Rachel Zegler, Lucy Liu) que ameaçam a família de super-heróis batendo de frente com outros fortes poderes místicos.

Levi continua sendo a grande estrela em ‘Shazam! Fúria dos Deuses’ (Crédito: Warner Bros)

‘Shazam! Fúria dos Deuses’ e o novo momento da DC

Em um primeiro momento, difícil não imaginar que ‘Shazam! Fúria dos Deuses’ é um filme natimorto. Afinal, James Gunn acaba de assumir a liderança da DC nos cinemas, ao lado de Peter Safran, e deixou claro o desejo de fazer uma espécie de reboot suave com a saída de alguns atores, como Henry Cavill, e mantendo outros, como o Esquadrão Suicida. Shazam, nesse momento, já parecia carta fora do baralho: não houve nenhum anúncio de que o herói iria continuar no novo universo, tampouco havia empolgação com o personagem.

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Só que, enquanto assistia a ‘Shazam! Fúria dos Deuses’, fui sendo tomado por uma certa empolgação inesperada. O filme não tem o brilhantismo das produções “independentes” da DC, como ‘Batman’ e ‘Coringa’, mas também está bem longe de ser um desastre como ‘Batman v. Superman’, ‘Liga da Justiça’ e até ‘Mulher-Maravilha 1984’. O filme conta com um certo frescor, visto de maneira similar no mais recente ‘O Esquadrão Suicida’, de Gunn.  Assim como no primeiro longa-metragem, o cineasta David F. Sandberg (‘Quando as Luzes se Apagam’) sabe que a história de Shazam não pode ser tão grandiosa quanto a jornada do Batman nas telonas, por exemplo, ou do Superman. Ele precisa prezar pelo pouco, pela proximidade desses heróis que, na verdade, são adolescentes experimentando poderes quase mágicos. É aí que está a graça e o diferencial do filme, que se leva pouco a sério e, por isso, não firma nenhum compromisso com o espectador em ser grandioso ou opulento.
É o oposto do que está acontecendo com a Marvel Studios agora, por exemplo. Depois dos acontecimentos de ‘Vingadores: Guerra Infinita eUltimato’, o público não aceita nada menos do que histórias que realmente arrepiem. E, com isso, dois efeitos já são sentidos nas telonas: ou o filme exagera demais para tentar alcançar esse efeito ou, então, fica absolutamente aquém e acaba não convencendo. Raramente encontra o caminho do meio.  ‘Shazam! Fúria dos Deuses’, enquanto isso, encontra justamente esse caminho no meio dentro do cenário da DC nos cinemas. Primeiramente, em termos de universo compartilhado: os elementos estão lá, mas não há um exagero para que personagens sejam usados à toa. Há uma participação especial, mas ela consegue ser funcional e divertida em iguais medidas. Bem diferente do que foi visto em ‘Adão Negro’, quando The Rock forçou a participação do Superman, mesmo com o futuro do personagem incerto. Outro caminho do meio trilhado por ‘Shazam! Fúria dos Deuses’ está na união dos dois momentos da DC. O filme parece ser um elo perfeito do que existia antes no estúdio e no que vai existir a partir de agora, antecedendo o importante e divisivo The Flash, que deve ser lançado em junho deste ano. O novo longa-metragem, afinal, traz personagens desse outro momento da DC, mas já com uma cara mais alegre e descontraída, marca de Gunn.

Bons atores, mas falta o tom certo

Além disso, vale dizer, o elenco todo está muito confortável e nem mesmo o excesso de piadinhas incomoda. Faz sentido dentro da proposta de colocar crianças como super-heróis.
Irmãos de criação de Billy também ganham poderes (Crédito: Warner Bros.)
As vilãs também são uma boa surpresa. Apesar da quase ausência de motivação do trio, há uma boa troca entre elas e a mitologia grega por trás da história traz uma essência divertida, com todas as bizarrices que isso proporciona – algo que Thor, por exemplo, não abraçou mesmo mergulhado na mitologia nórdica. No ato final, quando o roteiro coloca os personagens em choque com uma das vilãs e monstros da mitologia, tudo fica mais legal.

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A Warner Bros. Discovery só precisa ficar atenta ao tom do filme a partir de agora: o ator Asher Angel, o Shazam antes da transformação, já está com cara de homem. Logo mais vai ficar difícil engolir que o rapaz tem atitudes tão imaturas como super-herói. Vai ter que mudar a forma de interpretar Shazam que, no final das contas, não pode ser criança para sempre nos cinemas. Gunn e Safran, neste momento, vão ter que quebrar a cabeça para, enfim, descobrir como seguir com o personagem mantendo sua essência, mas evoluindo. O fato, porém, é que, ao contrário do que parecia em um primeiro momento, ‘Shazam! Fúria dos Deuses’ não enterra o super-herói. Ele, na verdade, dá uma sobrevida, mostrando inclusive que ele pode ser um daqueles personagens-diamante que James Gunn comentou recentemente ao apresentar seu novo universo, servindo de suporte para que heróis e equipes desconhecidas entrem dentro desse novo universo da DC nos cinemas.

‘Shazam! Fúria dos Deuses’ estreia quinta-feira, 16 de março, nos cinemas. Clique aqui para comprar ingressos.

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Matheus Mans

Jornalista especializado em cultura e tecnologia, com seis anos de experiência. Já passou pelo Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites, sempre falando de cinema, inovação e tecnologia. Hoje, é editor do Filmelier.

Escrito por
Matheus Mans

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