Sean Connery deixa um legado eterno no cinema Sean Connery deixa um legado eterno no cinema

Sean Connery deixa um legado eterno no cinema

Morto aos 90 anos, o ator escocês Sean Connery construiu uma carreira de grandes papéis na sétima arte – e nunca será esquecido

31 de outubro de 2020 11:33
- Atualizado em 3 de novembro de 2020 01:04

É difícil fazer um obituário isento sobre Sean Connery. Afinal, existem aqueles atores que se misturam à nossa paixão pelo cinema. Eles estão lá quando nos encantamos com a sétima arte. São presença constante nos filmes que vamos assistindo. Nos envolvem e nos empolgam com suas atuações em tela. Para mim, e imagino que para você também, é assim com Sir Sean Connery.

Morto neste 31 de outubro, aos 90 anos, Connery nos deixa uma carreira de seis décadas, em um enorme legado. Um legado que certamente tocou, em algum momento, os fãs do cinema.

Sean Connery em ‘Indiana Jones e a Última Cruzada’ (Foto: divulgação / Lucasfilm)

Thomas Sean Connery nasceu em 25 de agosto de 1930 em Fountainbridge, Edinburgh, na Escócia. Aos 16 entrou para a Marinha Real e, ainda na juventude, se empenhou no fisiculturismo e no futebol. Esses, no entanto, não foram os talentos pelos quais ficou conhecido – ainda que, de alguma forma, tenham o ajudado depois.

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Na verdade, o teatro entrou na vida do jovem Sean como uma forma de complementar a renda, quando entrou para trabalhar no backstatge do King’s Theatre no final de 1951. Foi em 1953, por causa do fisiculturismo, que o Connery foi convidado a fazer o teste para um papel. Foi escalado para o musical ‘South Pacific’ e nunca mais deixou a atuação.

Nessa época, Connery conheceu outro futuro famoso ator, Michael Caine – e eles ficaram amigos. Caine, então, deu ao amigo livros de autores famosos e clássicos, como William Shakespeare, James Joyce e Leo Tosltoy, que tiveram peso na formação do escocês.

Começaram a vir os primeiros papéis em uma TV ainda incipiente, enquanto Connery ainda fazia bicos como babá. Porém, a virada mesmo viria na década seguinte.

James Bond foi o papel mais icônico da carreira de Sean Connery (Foto: divulgação / UA/MGM)

Depois de alguns papéis no cinema, Sean Connery foi escalado para interpretar o agente secreto James Bond em ‘007 Contra o Satânico Dr. No‘. Ele tinha 32 anos e impressionou os produtores com a pose que tinha. Assinou por cinco filmes, em uma franquia que se tornou um sucesso instantâneo e catapultou o nome de Connery, Bond e do cinema britânico ao estrelato.

Hoje, podemos dizer que James Bond é um dos grandes marcos do cinema no século XX.

Com o sucesso, o ator também virou sexy symbol e um rosto extremamente conhecido na cultura pop. Além disso, naquela época, a produção dos filmes era quase industrial: os cinco foram lançados entre 1962 e 1967. Ao mesmo tempo, Connery buscava outros papéis – como ‘Marnie: Confissões de uma Ladra’, de Alfred Hitchcock; e ‘Blow-Up: Depois Daquele Beijo’.

Tudo isso cansou o ator, que deixou Bond após ‘Com 007 Só Se Vive Duas Vezes‘. Para o seu lugar foi escalado George Lazenzy em ‘007 a Serviço Secreto de Sua Majestade‘. No entanto, a produção não atingiu os objetivos dos produtores e do estúdio, da United Arts, e convenceram Connery a voltar mais uma vez em 1971, em ‘007: Os Diamantes São Eternos‘.

“Livre” da sombra de 007 e com uma popularidade mundial, Connery partiu para os anos 1970 como uma grande estrela do cinema, despontando em filmes como ‘Zardoz’, ‘O Homem Que Queria Ser Rei’ e ‘Uma Ponte Longe Demais’. No entanto, a nova virada aconteceria mesmo na década seguinte.

Connery em ‘O Nome da Rosa’: um dos grandes papéis do ator nos anos 1980 (Foto: divulgação / 2oth Century Fox)

Já experiente e mais velho, Sean Connery interpretou papeis inesquecíveis nos anos 1980. Entre eles, o velho imortal de ‘Highlander: O Guerreiro Imortal’, ou ainda o monge-detetive de ‘O Nome da Rosa’. Teve também o capitão soviético de ‘A Caçada ao Outubro Vermelho’.

Para os amantes da cultura pop, o escocês ainda viveu um de seus papeis mais divertidos como Henry Jones Sr., o pai de Indiana Jones, em ‘Indiana Jones e a Última Cruzada’. Curiosamente, essa franquia começou depois do diretor Steven Spielberg ter justamente frustrada a vontade de dirigir um filme do 007.

Bond, aliás, que voltaria para a vida de Connery. Por conta de disputas legais envolvendo os responsáveis pela franquia oficial do personagem, o produtor e roteirista Kevin McClory conseguiu lançar um filme próprio com o agente secreto, distribuído pela Warner Bros. Um remake de ‘007 Contra a Chantagem Atômica‘, com Sean vivendo um 007 mais velho. O título, aliás, é uma brincadeira com o fato do ator ter dito que nunca mais interpretaria o personagem: ‘007: Nunca Mais Outra Vez’.

O Oscar finalmente veio pelo papel em ‘Os Intocáveis’ (Foto: divulgação / Paramount Pictures)

Porém, o ponto alto do ator naquela década foi em ‘Os Intocáveis‘. A história, baseada na perseguição a Al Capone e dirigido por Brian De Palma, ganhou elogios da crítica e do público, dando um Oscar de ator coadjuvante para Connery.

Os anos 1990 foram menos agitados, porém importantes. Connery ainda atuaria em ‘A Rocha’ e em ‘Os Vingadores’, esse último baseado na famosa série de TV britânica dos anos 1960. Em 2003, ainda nos brindou com a sua presença como Allan Quatermain em ‘A Liga Extraordinária’, longa baseado na HQ de Alan Moore.

Por essa época, o ator negou o papel de Gandalf na franquia ‘O Senhor dos Anéis’, por não entender o roteiro. Reflexo de uma frustração com Hollywood e com o cinema em geral. Por isso, resolveu se aposentar.

O último crédito de Sean Connery no cinema é de 2012, como Sir Billi na animação homônima.

Connery deixa a esposa, Micheline, e um filho, Jason, fruto da união com Diane Cilento.

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