Imagine uma mistura bizarra, e um tanto assustadora, do boneco assassino Chucky e da inteligência artificial HAL 9000, de ‘2001: Uma Odisseia no Espaço’. O resultado, sem dúvidas, vai ser algo bem próximo da boneca-título de ‘M3GAN’, terror da Blumhouse e produzido por James Wan (‘Maligno’, ‘Invocação do Mal’). O filme, dirigido por Gerard Johnstone (‘Housebound’), conta a história de uma engenheira de brinquedos (Allison Williams) que desenvolve essa boneca M3gan, estranhíssima e cheia de personalidade, para fazer companhia para a sobrinha (Violet McGraw) que sofre com a morte dos pais em um acidente. A partir daí, nessa mistura de brinquedos assassinos com inteligências artificiais horrendas, acompanhamos esse relacionamento se tornando cada vez mais tóxico, em que uma criança simplesmente não sabe viver sem essa sua boneca realista. Ainda que falte personalidade em vários momentos da história, que com certeza seria mais potente se fosse dirigida pelo próprio Wan, ‘M3GAN’ diverte, assusta e mostra que várias histórias de terror, que poderiam ser banais, se destacam quando não se levam a sério.
Lisa Frankenstein é o longa-metragem de estreia de Zelda Williams (filha do lendário ator Robin Williams) na direção e, mais importante, com um roteiro de Diablo Cody (que também escreveu o icônico Garota Infernal). À primeira vista, é uma comédia de terror nostálgica pelos anos 80 de John Hughes, na qual a solitária protagonista homônima (Kathryn Newton, tão engraçada quanto em Abigail) encontra companhia em um cadáver exumado (Cole Sprouse... o de Riverdale, não o de Belo Desastre). Juntos e apaixonados, eles embarcam na missão de restaurá-lo à sua antiga glória viva, o que significa cortar algumas cabeças pelo caminho. Embora irregular, é divertido e louco, com potencial para se tornar eventualmente um clássico de culto por sua visão peculiar da adolescência feminina e sua dualidade tão vulnerável quanto monstruosa.
Imaculada (Immaculate) é um filme dirigido por Michael Mohan (Observadores) que, partindo das convenções do nunsploitation – um subgênero cinematográfico protagonizado por freiras, geralmente explorando temas como desejo, sexo, pecado e crises de fé –, se arrisca a subvertê-las. A trama segue uma jovem noviça americana, Cecilia (Sydney Sweeney), que se muda para um convento na Itália, onde é calorosamente recebida pelo Padre Tedeschi (Álvaro Morte, de La Casa de Papel). No entanto, sua estadia logo se transforma em um pesadelo confuso, e ela descobre que é parte de um plano grandioso, porém aterrorizante, da igreja. O filme consegue superar os clichês mais infelizes do nunsploitation, nos quais as mulheres são às vezes apenas um meio para um fim, para criticar a Igreja Católica e sua dupla moral em relação ao gênero feminino. A atuação de Sweeney pode ser insuficiente em alguns momentos, mas quando é hora de enlouquecer, ela irá deixá-lo mais do que satisfeito – e impactado. Confira a crítica completa do filme Imaculada.
Imagine um filme como o clássico ‘Janela Indiscreta’, mas da perspectiva da pessoa vigiada... e que a pessoa que a vigia do outro lado da janela pode ser um assassino. Assim podemos resumir 'Observador', um thriller psicológico estrelado por Maika Monroe ('Corrente do Mal') que teve uma excelente resposta em festivais de cinema como Sundance e SXSW. A história segue uma jovem mulher (Monroe) que se muda com seu marido (Karl Glusman) para a Romênia quando ele é transferido para lá por seu trabalho. Sozinha durante quase todo o dia em um país desconhecido e com um idioma que não entende, ela gradualmente se sente mais paranóica pela presença do voyeur na janela, assim como uma onda de recentes assassinatos. A diretora Chloe Okuno cria uma atmosfera psicológica opressiva para sua protagonista, manejando magistralmente a câmera e os espaços para revelar gradualmente os elementos cruciais que provocam e mantêm a tensão.
Um Lugar Silencioso: Dia Um é uma prequela que expande a narrativa de Um Lugar Silencioso para novos gêneros e personagens. Não há nenhum membro da família Abbott (John Krasinski, Emily Blunt e companhia) aqui, pois a história se passa no exato início da invasão de alienígenas com sentido ultrassônico. Agora seguimos Sam (Lupita Nyong'o), uma mulher com câncer terminal que está em Nova York quando o desastre começa. Com o mundo chegando ao fim, ela decide que não tem mais nada a perder, então ela se aventura pela cidade silenciada em busca da única coisa que quer. Embora mais inclinada para os territórios do cinema de ação e desastres, esta prequela apresenta uma história surpreendentemente existencial e comovente, com ótimas atuações de seus protagonistas (com Joseph Quinn de Stranger Things completando o duo). Não inova nos filmes apocalípticos, mas consegue encontrar humanidade em uma franquia que já se sentia cansada em sua segunda entrega. Leia mais na crítica completa de Um Lugar Silencioso: Dia Um.




