Emmanuelle (2024) é um filme francês dirigido por Audrey Diwan (O Acontecimento, 2021), que propõe uma releitura feminista do famoso romance erótico homônimo escrito por Emmanuelle Arsan, que por sua vez deu origem a uma vasta série cinematográfica. Esta versão segue uma Emmanuelle (Noémie Merlant, de Retrato de uma Jovem em Chamas) mais independente, aqui uma executiva de uma cadeia de hotéis de luxo enviada à sede de Hong Kong para descobrir as razões pelas quais o hotel reduziu suas receitas, e assim encontrar uma justificativa para demitir a gerente (Naomi Watts). No entanto, ela logo se vê obcecada por um cliente misterioso (Will Sharpe), enquanto começa a viver experiências sensuais no hotel. O filme de Diwan propõe reinterpretar um clássico erótico sob uma nova perspectiva mais progressista, somada a um estilo visual mais elegante, mas igualmente sensual.
Curiosa - A mulher em que este filme se baseia, Marie de Régnier, tornou-se uma das escritoras mais influentes da França no início do século XX (às vezes sob o pseudônimo de Gérard d'Houville). Embora o gancho para 'Curiosa' seja o triângulo amoroso entre ela e os poetas Henri de Régnier e Pierre Louÿs, o filme vai muito além disso, porque narra a emancipação de uma mulher que, no auge da Belle Époque, passou de objeto de desejo masculino a alguém que desafiava os preconceitos da burguesia francesa recatada de seu tempo, tomando posse de seu corpo e de sua sexualidade por meio de sua reafirmação artística. Portanto, apesar de ser um drama de época, é um filme extremamente relevante hoje, em tempos de uma discussão feminista tão ampla e necessária (algo enfatizado por sua trilha sonora eletrônica e mais atual). As performances do elenco completo são boas, mas logicamente quem mais se destaca é a atriz Noémie Merlant, que ficou famosa por 'Retrato de uma Jovem em Chamas'.
Eleito um dos 100 melhores filmes do século pela New York Times. Este provocante drama francês se passa em uma época de mais pudores e controles sociais, mas que não impede o florescimento de um amor proibido entre uma jovem noiva e a artista que deve retratá-la em um quadro. Dessa forma, ‘Retrato de Uma Jovem em Chamas’ mistura uma ótima reconstrução de época, uma bela fotografia e uma romance intenso – que só ganha com as atuações de Adèle Haenel (‘A Garota Desconhecida’) e Noémie Merlant (‘Curiosa’). Mais um destaque na filmografia da diretora e roteirista Céline Sciamma, que já assinou produções como ‘Tomboy’, ‘Garotas’ e ‘Lírios d’Água’.
Eleito um dos 100 melhores filmes do século pela New York Times. Cultura do cancelamento. Esse é o termo que mais vem à mente enquanto Tár passa na tela, contando a história da maestra Lydia Tár. Dirigido por Todd Field, que não comandava um filme desde 2006 com Pecados Íntimos, o longa-metragem conta a história da maestro Lydia Tár (Cate Blanchett), considerada uma das maiores de sua área. Ela domina a música como poucos. E sabe disso. No entanto, todo esse conhecimento entra em confronto direto com suas atitudes. Ela é dona de si, defende com unhas e dentes o que pensa e, o pior de tudo, deixa seus interesses sexuais falarem mais alto. Isso, ao longo das 2h40 de projeção, acaba criando uma série de percalços e pequenos problemas. Ela se indispõe com as pessoas, principalmente aqueles mais jovens que pensam diferente dela. Entre as mulheres, fica a sensação de que não faz amigas, mas apenas pessoas que podem servir para ela de alguma forma. Essa Tár criada por Field, assim, está longe de ser perfeita. Pelo contrário: é odiável e nos faz questionar até que ponto temos alguém como ídolo. No entanto, a sensação que fica é que isso é apenas o trampolim para o questionamento maior de Field, que assina o roteiro. Como essas pessoas, que vivem pela arte e respiram tradição, são vistas hoje em dia? Tár quer ser lembrada pela arte, não por quem é – como é o caso de Bach, Mozart, Beethoven. Será que hoje, séculos após, Tár também consegue atravessar o "cancelamento"? É preciso assistir ao filme pra saber. Leia aqui nossa análise.




