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'As Nadadoras', da Netflix, passa história por complicado filtro ocidental
Filme fala sobre duas irmãs nadadoras que se tornam refugiadas ao escapar da guerra na Síria
Matheus Mans | 23/11/2022 às 21:21 - Atualizado em: 23/11/2022 às 21:22
Um dos principais problemas do cinema hoje em dia, quando as histórias se debruçam sobre a jornada de pessoas do Ocidente Médio, é o olhar ocidental que acaba influenciando ativamente nessas histórias. Árabes são coitados ou terrorista, sem meio termo. E é justamente isso que acontece com 'As Nadadoras', estreia da Netflix desta quarta, 23.
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Ainda que dirigido pela cineasta galesa-egípcia Sally El Hosaini ('My Brother the Devil'), todo o resto da produção passa por profissionais ocidentais: desde o roteirista (Jack Thorne, inglês), passando pela produção (Tim Cole, inglês; Eric Fellner, também britânico) e, é claro, pelas empresas ligadas ao filme (Netflix e Working Title). Com esse olhar quase que exclusivamente ocidental, 'As Nadadoras' se aproxima demais de um tom de autoajuda que não beneficia em nada a trama de duas irmãs nadadoras (Manal Issa e Nathalie Issa) que fogem de uma Síria devastada pela guerra.

O começo do filme, até sua primeira hora, funciona bem. El Hosaini sabe como comandar cenas de tensão profunda, principalmente no drama das irmãs em um barco de refugiados -- ainda que haja uma artificialidade, principalmente perto do que já vimos em filmes como 'Human Flow', 'Exodus'. É uma realidade dura que, no filme, passa por um filtro.
Há emoção na forma como as irmãs se relacionam e, também, quando o filme passa a seguir puramente por uma história de competição esportiva, com as irmãs buscando seu espaço na natação. Muito disso por conta das boas atuações de Manal e Nathalie, entregues às personagens. Mas, como sempre, há a figura do branco salvador (vivida por Matthias Schweighöfer, de 'Army of the Dead') e elas servem unicamente ao propósito triunfante da "salvação".
Parece que a história toda dessas duas irmãs, assim, possuem o propósito único e irrestrito de emocionar os outros. De mostrar como não olhamos para os refugiados, como esquecemos dessas pessoas. Não para contar suas histórias.
Paralelos com 'As Nadadoras'
Lembra um pouco os problemas de 'Adú', outro filme que se vale de todos esses símbolos, histórias e funções. E, com isso, fica a questão: será que já não passamos do ponto de entender melhor essas histórias e deixar de lado os retratos sempre unilaterais? Árabes são sempre retratados como terroristas ou coitadinhos. Não há meio termo no Ocidente.
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Ah, e precisa comentar a cena das irmãs passando apuros em um bote afundando no mar com a canção 'Titanium', de David Guetta e Sia, tocando ao fundo? Constrangedor e tipicamente ocidental, levando um drama de vida ao tosco. Também é tosca a relação entre os refugiados no decorrer da travessia pela Europa. A diretora e o roteiro parece se esquecer o que aquelas pessoas estão vivendo para criar um drama saboroso até mesmo com doses de romance.
Por isso, 'As Nadadoras' pode ter seus pontos positivos, principalmente pela emoção genuína que a diretora sabe criar em cenas-chave e com algumas boas atuações aqui e acolá. Mas fica por isso mesmo. No fim do dia, histórias como a dessa nova produção da Netflix apenas ajudam a perpetuar estereótipos e ideias que não conseguem acertar o tom.

Jornalista especializado em cultura, gastronomia e tecnologia, cobrindo essas áreas desde 2015 em veículos como Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites. Já participou de júris de festivais e hoje é membro votante da On-line Film Critics Society. Hoje, é editor do Filmelier.

Jornalista especializado em cultura, gastronomia e tecnologia, cobrindo essas áreas desde 2015 em veículos como Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites. Já participou de júris de festivais e hoje é membro votante da On-line Film Critics Society. Hoje, é editor do Filmelier.
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