‘The Last of Us’: episódio 5 prova que a série não está para brincadeira
Confira a crítica do episódio 5 de ‘The Last of Us’, exibido na sexta, 10, na HBO Max. ‘Endure and Survive’ prova que série não está para brincadeira
‘The Last of Us’ não cansa de surpreender. Se o terceiro episódio foi o mais emocionante da série, o quinto foi o mais devastador. Mesmo para quem jogou o videogame que inspirou a produção – e, portanto, já sabia o que estava por vir – foi um baque e tanto, e um balde de água fria. Tal como aconteceu no segundo episódio de ‘The Last of Us’, que surpreendeu com o destino de Tess (Anna Torv).
O episódio – intitulado “Endure and Survive” (“Resistir e Sobreviver”, na tradução) – foi exibido nesta sexta-feira, 10, pela HBO Max, dois dias antes da exibição tradicional no canal da HBO. Confira abaixo a crítica e recap do Filmelier sobre o capítulo 5 de 'The Last of Us'. Saiba aqui como assistir à série online e com opções gratuitas.
- Aproveite também para ler as críticas semanais, por episódio, do Filmelier:
- ‘The Last of Us’ tem tudo para ser a nova série evento da HBO
- episódio 2 da série tem cenas de terror e reviravolta “soco no estômago”
- episódio 3 tem cenas inéditas, tom romântico e dramático
- episódio 4 é menos impactante, mas aprofunda a narrativa
- episódio 6 tem encontro aguardado e “momento família”
- episódio 7 revela como Ellie foi mordida
Episódio 5 continua história do capítulo anterior
Atenção: o texto a seguir contém spoilers do episódio 5 de ‘The Last of Us’.
No episódio 4, fomos apresentados a um grupo de Caçadores liderado por Kathleen (Melanie Lynskey), que derrubaram o governo da FEDRA (Agência Federal de Resposta a Desastres) da zona de quarentena de Kansas City. Kathleen é uma personagem inédita da franquia, que não existe no videogame.
Sua história de fundo é muito bem desenvolvida, e continua sendo explorada no episódio 5: o irmão dela era líder da resistência em Kansas, mas acabou morto pela FEDRA. Muito inteligente e determinada, ela assume a liderança do grupo, tira a FEDRA do poder e resolve prender e interrogar aqueles que eram colaboradores infiltrados dos governantes autoritários. Entre eles, Henry (Lamar Johnson), responsável por denunciar o irmão dela como chefe da resistência.
Só que o grupo de Kathleen esbarra em Joel (Pedro Pascal) e Ellie (Bella Ramsey), quando eles chegam em Kansas City. Ameaçado, Joel acaba matando cinco dos membros da resistência. Logo, Kathleen acredita que é ato de Henry e passa a persegui-los.
Quem é o vilão de ‘The Last of Us’? Kathleen? Henry? Ou Joel?
É interessante ver a construção da personagem Kathleen como uma líder mulher, organizada, estrategista e inteligente. Melanie Lynskey, conhecida por seu papel na série ‘Yellowjackets’, traz diversas camadas de carga dramática e emotiva que justificam as ações dela. Ainda que assumindo um papel de antagonista e seja retratada de forma exagerada, Kathleen é humanizada, inspira empatia e gera identificação com o público.
Tal como na vida real, especialmente em um apocalipse “zumbi”, não existem bons e maus, heróis e vilões. Só existem sobreviventes que fazem o que for preciso para seguir em frente – ainda que movidos pela vingança, como Kathleen e mesmo Joel. O ato de matar em ‘The Last of Us’ tem um peso maior quando vemos os dois lados da moeda – bem diferente de, por exemplo, os filmes de “brucutus” como ‘Busca Implacável’, em que o público torce para que Liam Neeson acabe com os bandidos enquanto resgata a filha.
Aqui, Kathleen quer vingança de Henry, um menino que entregou o irmão dela para o governo em troca de que seu próprio irmão, Sam, recebesse tratamento para um câncer. E, casualmente, Henry se torna aliado de Joel – nosso protagonista que, tal como Liam Neeson, nem sempre é tão “bonzinho” e “misericordioso” quanto poderia ser.
- Leia também: 'Velozes & Furiosos 10’: trailer, data de lançamento e tudo o que sabemos sobre o final da saga
O título do episódio, “Resistir e Sobreviver”, faz referência a uma citação de Ellie tanto no jogo quanto na série. Trata-se de uma fala do quadrinho de herói que Ellie e Sam gostam, e que tem tudo a ver com este capítulo. Mais uma vez, a conexão humana é o foco da série da HBO.
Quem são Henry e Sam em 'The Last of Us'?
Parece até que ‘The Last of Us’ se inspira em ‘The Walking Dead’, apostando nos famosos “cliffhangers” de final de episódio. Foi o que aconteceu no episódio 4: tentando encontrar uma saída da cidade sem serem detectados para enfim chegarem a Wyoming, Joel e Ellie são surpreendidos com a mira de uma arma.
Quem os surpreendeu? Henry e o irmão Sam (Keivonn Woodard), que queriam se aliar a eles. É interessante acompanhar a construção do relacionamento entre Henry e Joel. O personagem de Pedro Pascal, inicialmente desconfiado, amolece a postura quando Ellie faz amizade com Sam – tudo por causa do quadrinho de super-herói que os dois gostam.
O iniciante Keivonn Woodard esbanja representatividade como o pequeno Sam. Diferentemente do videogame, a personagem é deficiente auditivo, tal como o ator. Esse fato traz mais profundidade na construção de Sam, sua relação com o irmão Henry e com Ellie. Tanto que o desenvolvimento – ainda que tenha acontecido durante só um episódio – permite que os minutos finais do capítulo sejam impactantes. Lamar Johnson, de ‘O Ódio que Você Semeia’ e ‘Your Honor’, entrega um Henry ao mesmo tempo jovem e imaturo, e com a responsabilidade de tomar decisões difíceis para cuidar do irmão mais novo.
‘The Last of Us’ é uma montanha-russa de emoções
Dito isso, ‘The Last of Us’ consegue, mais uma vez, surpreender. A série aposta em uma montanha-russa de emoções, equilibrando ação, clímax e calmaria ao longo de diversas cenas do episódio.
Quando o confronto entre o grupo de Kathleen e Henry parecia complicado o suficiente, adiciona-se a isso o fator “infectados” – incluindo uma criança zumbi e o “chefão” dos Baiacus – e a adrenalina vai lá em cima. Afinal, Joel e Ellie foram pegos no meio de um fogo cruzado. Até mesmo os infectados ganham sua história de origem: exilados para o subsolo, eles evoluíram para formas mais perigosas e ameaçadoras do fungo cordyceps.
Depois de diversos altos e baixos, Joel e Ellie têm a deixa para o que vem a seguir. Mas o destino é mais cruel e a série segue o caminho devastador do jogo. É de quebrar o coração a cena em que Sam conta a Ellie que está infectado e ela tenta “curá-lo” com seu sangue. Mais uma vez, Ellie é obrigada a amadurecer cedo, e perceber a gravidade da situação em que eles vivem. Os eventos que se seguem são ainda mais trágicos, provando que ‘The Last of Us’ não está para brincadeira. E essa “coragem” e “ousadia” são o que a tornam uma das melhores séries da atualidade – tal como o jogo ‘The Last of Us’ é aclamado por seu roteiro.
Apesar de algumas cenas darem a sensação de que a série está correndo com a história, faltando desenvolver alguns dos personagens, é compreensível esta escolha de roteiro. Afinal, a ideia era adaptar o primeiro jogo inteiro em uma temporada, de forma que cada "ato" do jogo é abordado em um episódio. E somos lembrados a todo momento que a série é focada em Joel e Ellie, e na missão que eles precisam seguir. De forma que os personagens secundários estão meramente "en passant" (de passagem).
Assista ao trailer do episódio 5 de ‘The Last of Us’:
Crítica e jornalista especializada em filmes, séries e cultura pop desde 2013, Vitória Pratini já teve seus textos publicados no AdoroCinema, IGN Brasil, Terra e MSN. Durante sua carreira, cobriu eventos do ramo audiovisual, como San Diego Comic-Con, CCXP, Festival do Rio e Prêmio Grande Otelo. Já participou de júris de festivais e entrevistou nomes como Helen Mirren, Gilberto Gil, Dira Paes, Jude Law e Bryan Cranston. Especialista em SEO, Vitória atualmente é estrategista de conteúdo e repórter do Filmelier.
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