Desenhos (Sketch) é uma produção infantil do Angel Studios -- aquele mesmo por trás de Som da Liberdade e outras produções de caráter mais religioso. Aqui, porém, o foco é um filme mais familiar e infantil, com ares de aventura, sobre uma família em luto. A mãe morreu, o pai está sem rumo e as duas crianças lidam com a perda a partir de diferentes formas. O menino não fala sobre, a garota faz desenhos raivosos em seu caderno. E é justamente esse caderno que insere o tom fantasioso na trama. Com ares de filmes como Jumanji, Zathura, Coração de Tinta, Mundo Giz e até Os Goonies, o longa-metragem faz com que essas criaturas ganhem vida magicamente, passando a perseguir a família. É uma história leve, simpática e divertida, sem grandes ousadias ou momentos de criatividade. Funciona bem como aventura familiar, dentro de um quadradinho bastante funcional, e mostra que o Angel Studios podem alçar voos mais altos quando quer.
Uma década após "Vidas ao Vento", o mestre da animação Hayao Miyazaki retorna com outra ambiciosa obra do Studio Ghibli, também uma de suas mais pessoais. Ambientado durante a Segunda Guerra Mundial, "O Menino e a Garça" é a história de Mahito, um garoto que, pouco depois de perder a mãe em um incêndio, muda-se com o pai para a província do Japão, onde precisa se adaptar a uma nova vida com sua nova madrasta, Natsuko, irmã de sua mãe. Levando uma vida solitária, Mahito explora os arredores de sua nova casa, onde logo é atraído para um mundo mágico pela presença de uma garça misteriosa. O que se segue é um conto ainda mais ancorado no surrealismo do que "A Viagem de Chihiro" (o que já é dizer muito), no qual Miyazaki explora tantas ideias e abre tantas portas que, às vezes, pode parecer difícil de seguir (ou entender o que ele quer dizer com a afirmação de que o filme tem tons autobiográficos). É a extravagância do diretor em seu estado mais radical e puro, talvez não seja o melhor filme para se aproximar dele. No entanto, para seus fãs, será mais um autêntico deleite ver o nível de detalhe, ambição e cuidado em sua animação, tão tangível que permite sentir a consistência de uma cama ou o movimento realista de um líquido, tudo a serviço de uma história que, apesar de seus elementos mais alucinantes, nunca deixa de lado a emotividade. Leia nossa crítica completa de O Menino e a Garça.
Após o terror de Um Lugar Silencioso, John Krasinski salta para um novo gênero como diretor com Amigos Imaginários (IF). A história segue uma jovem (Cailey Fleming, de The Walking Dead) que, enquanto ainda lida com a morte de sua mãe, deve enfrentar a cirurgia cardíaca arriscada de seu pai (Krasinski). Na casa de sua avó (Fiona Shaw), ela descobre um grupo de estranhas criaturas imaginárias que precisam de sua ajuda, pois apenas ela e um homem misterioso (Ryan Reynolds) conseguem vê-las, e juntos embarcam em uma missão para levá-las de volta às crianças que as imaginaram. É uma fantasia terna que parece ser para toda a família, mas às vezes se enrola tanto em sua lógica interna que parece destinada a um público mais adulto. No entanto, por trás de tudo, consegue transcender sua mensagem sobre conectar-se com a imaginação e nunca perder a capacidade de admiração que temos como crianças. Pelo menos, apreciamos que é muito mais imaginativa do que qualquer coisa que as grandes franquias cinematográficas têm a oferecer hoje em dia. Leia a crítica completa do filme Amigos Imaginários.




