‘Barbenheimer’: recordes de bilheteria quebrados por 'Barbie' e 'Oppenheimer'
Juntos, 'Barbie' e 'Oppenheimer' (ou 'Barbenheimer') alcançaram o 4º melhor final de semana na história da bilheteria americana
Neste final de semana, a bilheteria internacional explodiu com uma nuvem de cogumelo cor de rosa. A estreia simultânea de Barbie de Greta Gerwig e Oppenheimer de Christopher Nolan (carinhosamente chamado de "Barbenheimer" nas redes sociais) bateu diversos recordes e proporcionou à bilheteria americana o quarto melhor final de semana de sua história.
Se isso fosse uma competição, haveria um claro vencedor com Barbie. O filme baseado na boneca da Mattel é voltado para toda a família e estreou em mais telas, ao contrário da épica biografia sobre o "pai da bomba atômica", que tem três horas de duração e ocupou as telas premium, com ingressos mais caros.
De acordo com os dados do Box Office Mojo, durante este primeiro final de semana em cartaz, Barbie arrecadou US$ 155 milhões na bilheteria americana e US$ 182 milhões na internacional, totalizando US$ 337 milhões em todo o mundo. Por sua vez, Oppenheimer arrecadou US$ 80,5 milhões nos Estados Unidos e US$ 93,6 milhões em outros países, totalizando US$ 174,1 milhões na bilheteria global. Em suma, Barbenheimer ultrapassou a marca de US$ 500 milhões neste final de semana.
Ambos os casos superaram as expectativas e, no caso de Barbie, superou em muito os números alcançados por Missão: Impossível – Sentença Mortal Parte 1 (US$ 235 milhões) e Indiana Jones (US$ 130 milhões) em seus respectivos fins de semana de estreia.
Sem uma concorrência séria por pelo menos algumas semanas na maioria dos territórios, ambos os componentes de "Barbenheimer" devem manter um trajeto sólido nas bilheterias.
Com orçamentos de produção de US$ 100 milhões para o filme de Nolan e entre US$ 128 milhões a US$ 145 milhões para o de Gerwig, ambos serão lucrativos com certeza. Dois casos de sucesso muito necessários para Hollywood, que tem enfrentado mais problemas do que boas notícias em 2023.
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Todos os recordes de bilheteria quebrados por Barbie e Oppenheimer
Com esses números, ambas as estreias conseguiram uma série de recordes na bilheteria local (Estados Unidos) e na bilheteria mundial.
Para começar, Barbenheimer deu à bilheteria americana o quarto melhor final de semana de sua história e o melhor desde a pandemia, ficando atrás apenas da arrasadora estreia de Vingadores: Ultimato em 2019. Também é o melhor final de semana desde que Homem-Aranha: Sem Volta para Casa alcançou o mesmo feito em dezembro de 2021.
Além disso, é a primeira vez na história que duas estreias de Hollywood estreiam em primeiro e segundo lugar com mais de US$ 100 milhões e mais de US$ 50 milhões, respectivamente.
Separadamente, ambas as produções quebraram uma quantidade considerável de recordes interessantes.
Recordes de Barbie:
- Maior estreia nos Estados Unidos para um filme dirigido por uma mulher (o recorde pertencia a Capitã Marvel).
- Segunda maior estreia global para um filme dirigido por uma mulher (atrás de Capitã Marvel, sem ajuste para inflação e taxa de câmbio).
- Melhor estreia de bilheteria de 2023 até a data (superando Super Mario Bros. O Filme).
- Maior arrecadação em um único dia em 2023 (superando Super Mario Bros. O Filme).
- Melhor estreia de julho para um filme que não é sequência nem remake (superando Pets: A Vida Secreta dos Bichos).
- Melhor estreia de um filme da Warner Bros. que não faz parte da franquia DC (superando It: A Coisa).
- Maior estreia nos Estados Unidos e no mundo para Greta Gerwig, Margot Robbie e Ryan Gosling.
- Maior estreia para um filme baseado em um brinquedo (superando Transformers: O Lado Oculto da Lua).
- Em seu primeiro final de semana, Barbie já superou a bilheteria total de outros filmes liderados por mulheres, incluindo Oito Mulheres e um Segredo, Aves de Rapina (também produzido por Robbie) e Adoráveis Mulheres (o filme anterior de Gerwig).
- Leia também: Barbie tem cena pós-crédito?
Recordes de Oppenheimer:
- A terceira maior estreia para Christopher Nolan, atrás de O Cavaleiro das Trevas e O Cavaleiro das Trevas Ressurge.
- Melhor estreia em toda a filmografia de Nolan em 33 territórios (incluindo Índia, Argentina e Bélgica) e melhor estreia de Nolan fora de sua trilogia de Batman em 55 territórios (incluindo México, Brasil e Reino Unido).
- Melhor estreia de bilheteria para um filme de drama desde 2019.
- Melhor estreia da história para uma biografia (superando Bohemian Rhapsody).
- Melhor final de semana de estreia para um filme classificado como R, para adultos (superando John Wick 4 este ano).
- Melhor estreia em IMAX para Christopher Nolan e para um título da Universal Pictures.
- Leia também: Crítica de ‘Oppenheimer’: o ego do mago
Barbenheimer: a missão impossível de Tom Cruise
Como era de se esperar, a dupla Barbenheimer está complicando as coisas para a sétima missão de Tom Cruise. Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 1 teve uma queda acentuada de 64% em sua arrecadação. Assim, após uma estreia de US$ 235 milhões na semana passada, conseguiu chegar apenas a US$ 370,9 milhões.
Para muitas outras produções, esses números seriam boas notícias. No entanto, após vários obstáculos causados pela pandemia, a sétima Missão: Impossível teve um orçamento de produção estimado em US$ 291 milhões, sem contar os gastos de promoção. Ou seja, para ser lucrativa, o filme terá que chegar à marca de US$ 600 milhões a US$ 700 milhões.
A meta parece complicada, considerando que Oppenheimer dominou as telas IMAX e outros formatos premium (consequentemente, com ingressos mais caros) e que outro filme de perfil similar, o polêmico Sound of Freedom, atraiu o público de ação e continua arrecadando extraordinariamente nos Estados Unidos com um orçamento ínfimo de US$ 15 milhões.
Mas não é totalmente impossível, e se algo Tom Cruise demonstrou é que seus filmes têm "pernas". Ele ainda tem a chance de se salvar de cair no infeliz clube das perdas, presidido por The Flash e Indiana Jones.
Apesar de Barbie e Oppenheimer, Missão: Impossível 7 tem o calibre de espetáculo suficiente dentro do gênero de ação para se destacar de suas concorrentes mais diretas nessas semanas: a própria Sound of Freedom (que atraiu mais o público conservador) e Meg 2, que chegará aos Estados Unidos na próxima semana.
É hora de repensar a "sequelite"?
Chama a atenção que Barbie e Oppenheimer se destacam como dois dos poucos casos de sucesso em uma profunda seca de bilheteria do verão cinematográfico, e ambas são filmes "originais" (ênfase nas aspas para o filme baseado na boneca mais famosa da história).
Já foi dito antes, e diremos novamente: Barbenheimer também demonstra que a dependência de Hollywood por franquias estabelecidas e infinitas sequências, com custos cada vez mais altos, começa a mostrar sinais claros de obsolescência. Algumas, quando têm qualidade visual e narrativa, funcionam. Mas parecem ser minoria.
Será hora de apostar em melhores histórias sem desperdiçar tanto? Talvez. A paradoxo é que Barbie é apenas o começo de outra enorme franquia cinematográfica baseada em propriedades da Mattel. Teremos que esperar para ver...
Lalo Ortega é um crítico mexicano de cinema. Já escreveu para publicações como EMPIRE em español, Cine PREMIERE, La Estatuilla e mais. Hoje, é editor-chefe do Filmelier.
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